No Brasil, a tribo que replanta sua floresta: “Em breve, as árvores crescerão e, com sua sombra, os animais também retornarão!”

Munidos de roçadeiras, 15 jovens do povo indígena Maxakali atacam a grama alta que tomou conta das bananeiras e dos cajueiros, Árvores de urucum e feijão-guandu plantadas na encosta de uma colina no Vale do Mucuri, uma vasta área coberta por campos localizada no nordeste de Minas Gerais, no leste do Brasil.
A tarefa parece assustadora. As máquinas barulhentas levantam nuvens de grama esmagada que assustam insetos e ardem os olhos, apesar dos óculos de proteção. E as gramíneas são tenazes. Seus caules ficam presos nas hélices dos motores das máquinas, forçando os jovens a desembaraçá-las regularmente e atrasando a liberação das árvores, que, aos poucos, finalmente reaparecem.
Este povo indígena de 2.629 habitantes, mais conhecido por seus cantos rituais e pela capacidade de preservar sua língua, empreendeu o reflorestamento de seu território, antes coberto pela Mata Atlântica. Com o apoio de uma equipe de pesquisadores do Instituto Opaoka, especializado em questões socioambientais, e graças a um financiamento público de 8 milhões de reais (1,24 milhão de euros), 30 membros da comunidade estão sendo capacitados em agrofloresta.
Contatados pela primeira vez por colonos portugueses no século XVI, os Maxakali — que se autodenominam "Tikmũ'ũn" ("nós, homens e mulheres") — constituíam, no passado, diversos grupos que vagavam livremente pela rica floresta tropical do sul da Bahia e do leste de Minas Gerais, da qual ainda dependem para sua subsistência. Mas o avanço da colonização, aliado a conflitos com outros povos indígenas, forçou-os a se consolidar e se estabelecer em cinco pequenas aldeias no nordeste do Vale do Mucuri no século XVIII.
Restam 90,07% deste artigo para você ler. O restante está reservado para assinantes.
Le Monde